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11/01/2014 16:49

Era tarde da noite e a única coisa que eu conseguia pensar é que tinha que chegar a minha casa o mais rápido o possível. Fazia muitos anos que eu não percorria esse caminho a pé, não é muito longe e a idéia de chamar um táxi para me levar pareceu ridícula naquela hora por isso resolvi andar, mas já estou começando achar que não foi uma boa idéia, já estou tão acostumada ao comodismo de andar de carro que quando por algum motivo fico sem ele, como aconteceu dessa vez, fico perdida, mas é para uma causa boa, a revisão da mecânica para minhas tão merecidas férias, valeria a pena andar algumas quadras. O barulho do meu salto em atrito com o chão estava me deixando nervosa, faltava pouco mais do que três quadras para chegar à minha rua, quando as luzes do postes começaram se apagar uma a uma, tornando a noite mais agourenta.
Senti um arrepio de medo percorrer o meu corpo, decidi andar mais rápido, escutei passos alem dos meus, olhei para trás para procurar o dono, mas em meio ao breu formado pela noite escura era difícil enxergar alguma coisa. Apressei-me e percebi que os passos também estavam mais rápidos, foi então que cometi o meu erro, comecei a correr o mais rápido que podia, estava muito escuro e não tinha como ver onde estava pisando e nem vi o buraco que prendeu o meu salto me derrubando no chão. Senti a dor do impacto do meu corpo sob as pedras, minha perna direita ficou úmida e gosmenta, senti uma pontada de dor súbita quando encostei a minha mão. “O perseguidor estava me alcançando e eu não tinha mais como fugir, entrei em pânico e tentei me levantar, mas não tive força e a dor era insuportável.”
▬ Oi tesouro. ▬Uma voz masculina conhecida falou comigo, tentei lembrar-se de quem era o dono daquela voz e não conseguia.
▬ Quem é você? O que quer de mim? ▬Senti uma coragem que eu não tinha ao falar essas palavras, e eu não iria desistir sem lutar muito.
▬ Que coisa feia, não se lembrar de mais de mim? E eu que pensei ter causado boa impressão. ▬ Ele estalou a língua em uma estranha negativa.
▬ E por que deveria me lembrar? ▬ Minha memória lembrava-se da voz, disso eu tinha certeza, só não que sabia a quem pertencia e com aquele escuro não podia vê-lo. ▬ Talvez tenha razão ou talvez você se arrependa de não ter lembrado todas as noites de orar para que eu não tornasse a aparecer em sua vida, mas como você ia saber? ▬ Ele chegou mais perto e agora estava tão próximo que podia tocar-me se quisesse. 
▬ Não toque em mim, se não eu grito ameacei com veemência. ▬ Pode gritar a vontade que ninguém vai escutar, estão todos dormindo num sono profundo. Não percebeu o silencio total que nos cerca ainda? 
Realmente estava tudo muito quieto, estariam mesmo dormindo?Como seria possível?
▬ Como? ▬ Não precisei me explicar para ele entender minha pergunta.
▬ Dá mesma maneira que as luzes se apagaram. ▬ Foi ele terminar de falar, que ao longe vi uma luz acendendo, uma depois outra, seguida pela seguinte, antes que a claridade chegasse até nós, elas tornaram a se apagar. Se eu já estava com medo antes, agora eu estava me borrando.
▬Simplesmente assim. ▬ Disse ele estalando os dedos.
▬ Você é um bruxo? 
▬ Sou mais que um simples bruxo, sou Bruxo Negro o último que ainda existe.
Logo vi que não adiantava tentar lutar, mesmo por que eu perderia com certeza ele devia ter inúmeras defesas que nem em sonhos saberia que existia, o que me levava novamente à pergunta que ele ainda sequer respondeu:
▬ O que quer de mim?
▬ Eu vim aqui somente para buscá-la.
▬ Para que?
▬ E você tem certeza que quer saber mesmo? 
▬ Quero. 
▬ Seria melhor que não soubesse, mas se quer tanto saber eu falo. Você será um sacrifício que oferecerei ao meu mestre, em troca eu serei o bruxo mais poderoso que esse planeta conheceu. 
▬ O que? ▬ Mas que loucura era aquela agora?
▬ Ahhh, vamos parar de conversa, as pessoas querem voltar para suas vidas e eu já estou cansado desse Bla Bla Bla. ▬ Ele pegou-me nos braços como se eu fosse uma pena. 
▬ Me solta, seu ordinário, me solta. ▬ Gritei, esperneei e fui obrigada a parar por três motivos: Primeiro: não estava surtindo efeito algum, Segundo: minha perna ainda estava latejando de dor e o Terceiro: Por mais difícil que fosse de admitir, até para mim mesmo, sentir o cheiro dele despertava o meu lado mais feminino e me fazia relaxar, em outras palavras eu descobri horrorizada que estava gostando de estar nos braços dele.
Enquanto ele me levava sei lá para onde, senti meus olhos pesarem como se fossem de chumbo e ainda que não fosse assim, não faria a diferencia se eles estavam fechados ou abertos, pois a escuridão era praticamente a mesma, aos poucos me entreguei ao cansaço e adormeci ali mesmo e só acordei quando ele me chamou pelo meu nome. 
▬ Ester? Acorda, já chegamos. ▬ Ele falou assim tão carinhosamente que nem parecia que um dia iria me matar. Abri meus olhos e tive a visão ofuscada pela claridade, esperei que meus olhos se adaptassem para que eu pudesse ver quem era meu raptor e fiquei chocada...


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